Aos 44 anos (sendo os últimos 18 passados no SBT), o apresentador Celso Portiolli está há dois anos à frente do Domingo Legal, a atração campeã de inserções de merchandising da emissora – que completou 30 anos na sexta-feira passada. Nesta entrevista, ele fala dos desafios na briga pela audiência televisiva.
MEIO & MENSAGEM ›› NESTE MÊS O SBT COMPLETA 30 ANOS E VOCÊ CELEBRA DOIS ANOS À FRENTE DO DOMINGO LEGAL. QUE BALANÇO VOCÊ FAZ DESSE TEMPO?
CELSO PORTIOLLI ›› Um balanço muito positivo. Quando eu entrei, estava com aquela interrogação sobre o que os anunciantes iriam achar e também a respeito do horário – com Gugu, o Domingo Legal entrava no ar à noite e, quando eu assumi, passou a ser no começo da tarde. Mas, nesses dois anos, o programa só trouxe surpresas agradáveis. Sempre que começa um novo mês, eu pergunto ao departamento comercial: ‘Como que está?’, e eles dizem: ‘Está lotado (de anúncios). Isso é incrível.
MEIO & MENSAGEM ›› ATUALMENTE O PROGRAMA É CONSIDERADO UM SUCESSO COMERCIAL E TAMBÉM DE AUDIÊNCIA, SENDO VICE-LÍDER NO HORÁRIO. DE QUE MANEIRA VOCÊ ACHA QUE CONTRIBUIU PARA ISSO?
CELSO PORTIOLLI ›› De cinco meses para cá, eu também faço parte da direção. Estou mais entrosado com a produção, vou para as reuniões, dou minhas ideias, participo da construção do roteiro. Acho que o programa estabilizou em termos de audiência, vem ficando em segundo lugar e crescendo a cada domingo. Quando eu vou apresentar estou preparado, sei de tudo o que vai acontecer. Acho que minha apresentação melhorou, mudei a roupa, adotei um estilo mais solto.
MEIO & MENSAGEM ›› O DOMINGO LEGAL É O CAMPEÃO DE MERCHANDISING DO SBT. VOCÊ ACOMPANHA TAMBÉM AS NEGOCIAÇÕES COM OS ANUNCIANTES?
CLESO PORTIOLLI ›› Sou mais que um parceiro do anunciante. Eu participo de verdade, me envolvo na ação. Tenho noção de que anunciar na televisão não é barato, então, nunca recuso um almoço ou uma reunião. Gosto de conhecer os clientes e tento me colocar no lugar da pessoa que está investindo ali. Nesses anos todos no SBT, o que mais aprendi foi a venda, pois aqui temos o grande mestre das vendas (refere-se a Silvio Santos). Sinto-me comprometido com o resultado da ação. O telespectador sabe que eu estou falando com propriedade e o anunciante percebe que estou vendendo aquilo com entusiasmo.
MEIO & MENSAGEM ›› QUAL SUA OPINIÃO SOBRE A PROPAGANDA BRASILEIRA?
CELSO PORTIOLLI ›› O brasileiro é muito criativo e tem uma facilidade incrível para fazer humor. Existem comerciais maravilhosos, com ideias geniais, slogans que ficam na memória e marcam para sempre. E ultimamente percebo que tem melhorado não só o texto, mas também a captação, a produção. E hoje, com o Twitter e a internet, você tem uma resposta muito rápida para esses comerciais. A própria internet, o conteúdo para celular, a TV digital vão crescer muito na publicidade do Brasil. E isso é bom para todo mundo.
MEIO & MENSAGEM ›› VOCÊ JÁ SE RECUSOU A FAZER ALGUM TIPO DE COMERCIAL?
CELSO PORTIOLLI ›› Já me recusei a fazer campanhas de medicamentos e de bebidas alcoólicas. Mas o pessoal do comercial já me conhece, então tem algumas coisas que eles nem me apresentam, pois sabem que eu não faço. Em relação àqueles que faço, não tenho nenhuma restrição. Se precisar pegar o produto na mão, eu pego. Se tiver que fazer alguma coisa diferente, usar uma roupa diferente, por que vou dizer não?
MEIO & MENSAGEM ›› COMO É ESTAR DENTRO DESSA GUERRA DE AUDIÊNCIA QUE SÃO OS DOMINGOS NA TV BRASILEIRA?
CELSO PORTIOLLI ›› É legal pelo fato de não ficar acomodado. Temos que matar um leão a cada domingo. Quando o programa acaba, às 15 horas, mesmo que tenha ido muito bem, nós já estamos pensando no próximo, porque, se a semana seguinte for um fracasso, isso vai apagar os bons resultados de antes. Acho isso empolgante. O primeiro programa da linha de shows é o Domingo Legal. Eu tenho que entregar bem para a Eliana, para ela entregar bem para o Silvio para que todo o SBT fique bem no domingo.
MEIO & MENSAGEM ›› Você acredita que o formato de programa de auditório tem fôlego para muitos anos no Brasil?
CELSO PORTIOLLI ›› Tem sim. Acho que não acaba nunca. Um programa de variedades pode ter reportagens, quadros. Dá para ir dançando conforme a música. Por isso que não tem fim. Quando o programa é aberto e é possível fazer de tudo, é muito difícil acabar. Acho, porém, que vai ter uma divisão grande com as novas mídias. Mas podemos ir para a internet também.
MEIO & MENSAGEM ›› E falando nisso, como é a comunicação do programa — e também a sua relação pessoal — com os fãs pela web?
CELSO PORTIOLLI ›› O Domingo Legal tem Twitter e eu também tenho. E é muito bacana que o SBT tenha uma legião de fãs, os SBTistas, que são muito fiéis. Eles amam o SBT e, por isso, merecem atenção. E com isso, nós temos um feedback superlegal. Sabemos se o programa foi bom, ruim, se o quadro foi chato, se temos de mudar...
MEIO & MENSAGEM ›› Recentemente, você lançou uma linha de eletroeletrônicos licenciados para o lar. Como surgiu essa nova empreitada?
CELSO PORTIOLLI ›› Com tanto tempo de SBT a única coisa que lancei, usando meu nome, foram CDs. Mas surgiu a oportunidade de uma parceria entre o SBT e a Polishop e achei que era um bom momento. É um produto superbacana, que eu já conhecia, e conta com a força do SBT e o respaldo da Polishop. Na verdade, é uma linha voltada para a família, com eletrônicos para homens e mulheres, que tem muitas novidades, muita coisa interessante.
MEIO & MENSAGEM ›› Você sentiu muita pressão por substituir o Gugu?
CELSO PORTIOLLI ›› Nada. Primeiro porque não tive muito tempo para pensar – me chamaram em uma quinta-feira e o programa era domingo. E também porque, ainda bem, as pessoas gostam muito de mim aqui no SBT. Então, teve uma torcida enorme, de todos os lados. Acho que é porque sempre deixei claro que não sou um artista. Sou um operário de televisão, com a diferença de que apareço no vídeo. Então, desde as moças da limpeza até o chefe, todos torciam por mim e acho que essa energia me contagiou. Mas sempre penso que televisão é uma universidade sem fim. Você nunca sabe o suficiente para fazer sucesso.
MEIO & MENSAGEM ›› O que você espera pelos próximos anos na carreira de apresentador?
CELSO PORTIOLLI ›› Espero que o Domingo Legal continue dando certo. Não pretendo fazer nenhum outro tipo de programa nos próximos anos. Apesar de que game é a minha paixão (no SBT ele já comandou atrações como Passa ou Repassa, Curtindo uma Viagem, entre outras). Mas é um formato, com começo, meio e fim e isso tem um prazo para acabar. Já o Domingo Legal pode, tranquilamente, durar mais 18, 20 anos. Então eu quero, daqui a 30 anos, fazer o que eu faço de uma maneira muito melhor do que faço hoje. Com algumas plásticas, mas melhor (risos).
Fonte: Meio & Mensagem
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