
Na última segunda-feira, estreou no SBT o novo SBT Brasil, com apresentação de Rachel Sheherazade e Joseval Peixoto. Foi uma estreia cercada de mistérios, contratações para a nova equipe e gravações de vários pilotos para se chegar no ponto ideal. E chegou o dia 30 de maio. Não se esperava mudanças profundas. A expectativa maior era, além dos novos âncoras, era acerca da possibilidade de ambos opinarem na bancada do telejornal.
Passada a estreia, vimos que as mudanças foram muito além. Alberto Villas investiu em um formato diferenciado, onde, na medida do possível, reuniu elementos do Fantástico, Jornal Hoje, Jornal da Globo e Jornal Nacional, tudo em um mesmo produto. Do Fantástico trouxe a criatividade editorial ao tratar de um tema; do Jornal Hoje, as pautas leves, exploradas de uma ótica diferenciada; do Jornal da Globo, a opinião e do Jornal Nacional, o factualismo de todo telejornal.
Há muito tempo não se via no SBT uma inovação jornalística. Aliás, a TV brasileira, no geral, vive uma marasmo nesse setor. Poucos produtos hoje fogem do habitual ou do formato padrão que geralmente é mais seguro e já conta com um público formado.
O novo SBT Brasil, pela necessidade de se mostrar algo novo para atrair um público fiel ao jornalismo do SBT, resolveu inovar. Inova e choca. Público brasileiro, tradicionalista que só, não é tão habituado a um telejornal opinativo (com dois apresentadores opinativos), que aposte numa linguagem coloquial e que, em certo ponto, nas matérias apresentadas, beira o humor combinado com a ironia.
Muita gente vai criticar ou já está criticando. Afinal, mexeu-se no nome teoricamente principal do jornalismo do SBT, que é Carlos Nascimento. Mexeu no formato sóbrio dominante nas principais emissoras. Mexeu, inclusive, com a forma de se passar uma notícia e mexe, inclusive, com o espaço dedicado ao factualismo.
Porém, há quem elogie. Setores da imprensa, desde a estreia, vem manifestando aceitação ao formato. Elogiam, sobretudo, o caráter explicativo das matérias. A maneira didática pela qual apresenta temas de interesse geral, como a inflação, agradam. Mostra-se na prática, através de uma consumidora, como a inflação está agindo nos supermercados e outra matéria na mesma edição mostra como é calculada essa inflação. Rachel e Joseval se apresentaram muito bem no vídeo e seus comentários são adequados e marcantes. Só na semana da estreia, Rachel já soltou um “onde será que o MEC anda com a cabeça? Na educação é que não deve ser” e Joseval já cutucou Palocci pela sua entrevista na Globo e sua fuga desenfreada do Congresso.
Ainda é cedo para tecer comentários acerca dos resultados apresentados pelo telejornal. Como vimos, é um formato que, a princípio, vai do céu ao inferno na opinião de quem o viu. Como tudo que é novo, choca no princípio, mas tende a obter aceitação no decorrer do tempo. Ainda mais, que só nesta semana, o telejornal ganhará uma editora-chefe, vinda da Rede Globo (Márcia Dal Prete) e isso, naturalmente, deve reforçar a qualidade do jornalístico. Se por um lado o SBT não está em suas melhores condições para lançar uma “nova moda” jornalística, por outro existe a necessidade que se apresente algo novo na TV para que o jornalismo do SBT se apresente como diferencial da concorrência. Com a palavra, Joseval e Rachel. Se me permite parafrasear e adaptar o Facebook, eu curti, mas pode melhorar. Sempre pode.
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