domingo, 29 de maio de 2011

Pai de atriz de Amor e Revolução foi perseguido pela ditadura

Fátima Freire Em "Amor e revolução", Fátima Freire vive uma mulher apreensiva, com medo de que a família se desmorone a qualquer momento por causa da ditadura. Mas a atriz não precisou de laboratório ou de ser apresentada a vítimas daquela época para fazer esse papel: ela usa o que testemunhou dentro da própria casa para compor sua personagem. Filha de um cientista socialista, a intérprete de Lúcia Paixão na novela do SBT viu por diversas vezes sua mãe temerosa em perder o marido a qualquer momento para os militares.

— Meu pai (Newton Freire Maia, um dos precursores da genética humana no Brasil, morto em 2003) foi perseguido, prestou depoimento várias vezes no Dops (Departamento de Ordem e Política e Social). Ele ia e a gente nunca sabia se ele realmente iria voltar — lembra Fátima.

Ela se emociona ao falar sobre o assunto:

— Lúcia tem muito da minha mãe (a dona de casa Flávia Leite Naves, que morreu em 1971). Vivíamos a angústia de estar dentro de uma casa vigiada. Lembro de que, quando eu era pequena, minha mãe sentia medo sempre que a campainha tocava, como acontece na novela.

Curitibana, Fátima, de 56 anos, tinha 9 quando aconteceu o Golpe de 1964, dando início ao período militar que dá enredo a "Amor e revolução". Lúcia, que na trama é mãe da mocinha Maria (Graziela Schmitt), não chega a aderir à luta armada, mas acredita na democracia.

— Meu pai nunca foi preso nem torturado, mas muitos amigos da minha família que costumavam nos visitar foram mortos — conta.

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