Christina Rocha apresenta no SBT um dos programas mais populares da TV brasileira atualmente: o "Casos de Família". A atração, que mostra histórias surreais da vida, alcança 7 pontos no Ibope e se mantém firme na grade instável da emissora. Christina diz que o segredo é levar para a TV os barracos que podem acontecer na casa de qualquer um. E ela não esconde que cada participante recebe dinheiro para dar a cara a tapa. "Os problemas aparecem independentemente do poder aquisitivo das pessoas. A diferença é que o rico não se expõe", afirma Christina. No entanto, quando o barraco envolve seu próprio nome, a coisa muda.
A entrevista sofreu uma reviravolta no momento em que tocamos em um assunto delicado: em maio deste ano, ela teve seu nome envolvido em um escândalo quando foi acusada de agressão pelo próprio namorado. O rapaz chegou a prestar queixa na delegacia. Um caso típico do "Casos de Família".
Como é apresentar um programa tão popular?
Para mim, é natural. Sempre fiz programas populares e gosto deste formato porque não tem script. Sou eu e as pessoas. É como um bate-papo. E, apesar de as pessoas acharem engraçado, esses problemas acontecem independentemente do poder aquisitivo das pessoas. Só que o rico não se expõe. Eu aprendo com cada figura que converso.
Você se diverte fazendo o "Casos de Família"?
Me divirto. Sou exatamente como sou na TV. Me sinto em casa mesmo.
Qual foi a história que mais te marcou?
Um dos primeiros programas, em que a avó não aceitava o neto porque ele era gay. Depois, ela aceitou.
Você dá palpite na produção do programa?
Dou. Mas a minha produção é muito boa. Trabalho com uma equipe grande. São mais de 30 estagiários. As pessoas vão às comunidades entrevistar possíveis participantes, checam cada informação e ainda prestam um serviço que eu não gosto muito de divulgar, como oferecer dentaduras e coisas desse tipo para melhorar a autoestima das pessoas.
Não tem nada armado?
Nada. Não vou negar e acho até bom que isso seja publicado. É que cada participante ganha R$ 80 para ir ao palco. Essa diária é para pagar o dia de trabalho que a pessoa perdeu para ir ao estúdio do SBT.
Como é a reação das pessoas nas ruas?
É a melhor possível. Sou muito bem recebida em todas as classes sociais. Nunca fui xingada. Ao contrário! A classe alta acha bárbaro o programa.
Regina Volpato apresentava o programa antes de você assumir. Aconteceu alguma saia-justa entre você e ela por conta disso?
Nenhuma! Ela é uma profissional competente. O que aconteceu é que a Regina não combinava com o novo formato do programa. O Silvio (Santos) queria alguém mais animado e a Regina apresentava o programa sentada. Depois, pouco antes do 'Casos' reestrear, eu soube que ela se arrependeu e tentou voltar. Mas aí já era tarde. A direção também havia mudado.
Você acha que seu talento é falar para o povo?
Sou uma comunicadora e falo para qualquer classe social. Faço convenções e encontro pessoas riquíssimas nesses eventos.
Você se espelha em alguém? Sonha ser uma Márcia Goldschmidt?
Eu não tenho isso não. Sonho ser sempre bom caráter e lidar com pessoas de bom caráter.
Já teve brigas feias durante a gravação do "Casos de Família"?
Sim. Mas a gente controla para que as coisas não tenham proporções maiores. Quando o clima esquenta muito entre os convidados a gente para a gravação. A gente sabe até onde pode ir. Tudo tem que ter um equilíbrio.
Tem seguranças no estúdio do "Casos de Família"?
Tem sim. O SBT tem uma boa estrutura e dá o suporte que a gente precisar para fazer o programa.
Mas uma boa briga não aumenta a audiência?
Claro que aumenta! Como aumenta a audiência da novela das oito quando acontece uma pancadaria. Mas a gente não precisa de agressão. Temos muitos anunciantes no programa. E anunciantes bons. Tem fila de espera para anunciar com a gente, graças a Deus.
Você foi casada com o Rubens Passaro, e é ex-concunhada do patrão Silvio Santos. Como é a sua relação com o dono do Baú?
É normal. Silvio é uma pessoa que atende todo mundo. Sempre que eu preciso, falo com ele, mas porque Silvio é um homem muito profissional. Eu até sofri por ser cunhada dele.
Você foi vítima de preconceito então por ser cunhada do Silvio?
Não. Mas nada foi fácil pra mim. Antes de ser cunhada do Silvio, eu já trabalhava no "Povo na TV". Sempre batalhei pelas minhas coisas.
Você trabalhou como atriz. Fez dois filmes dos Trapalhões, participou de novelas do SBT, fez o especial de 30 anos do "Chaves"como a Dona Clotilde... Sente falta de atuar?
Na verdade, não me sinto atriz. Eu comecei como modelo. Fiz uns pequenos trabalhos como atriz, que foi uma grande brincadeira. Depois me tornei jornalista e apresentadora. Hoje em dia, meu foco é mais apresentadora .
Na sua opinião, foi mais importante participar do "Povo na TV" ou do "Aqui Agora"?
Tudo o que acontece na minha vida eu dou importância. Me entrego aos meus trabalhos oitenta por cento e não faço distinção entre os programas dos quais fiz parte. Gosto de todos.
Em maio deste ano, seu então namorado, Christian Peter, te acusou de agressão. Disse que você bateu, mordeu e arranhou. Esse caso dava pra participar do programa, não dava?
Ele ainda é meu namorado e eu não falo sobre esse assunto. Não quero falar sobre isso. Se a entrevista for por esse caminho, é melhor você falar que a gente termina por aqui.
Mas no programa você fala da sua vida, dá exemplos de coisas que acontecem com você...
Eu não me exponho. Falo de coisas lá de casa, digo que tenho cinco irmãs, falo das trocas de roupas entre a gente. Eu me preservo.
Fonte: Léo Dias (Jornal O Dia)
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