O que os telespectadores querem? Nem todos, com certeza, acompanharam, por meses a fio, o drama das mulheres traficadas em Salve Jorge (Globo). Nem estão, agora, com sua sucessora Amor à vida, dispostos a embarcar na saga da mocinha que ficou sem a filha, abandonada em uma caçamba de lixo ainda recém-nascida, ou de se envolver no seio da família, que tem um vilão que só quer se dar bem acima de tudo. Há uma parcela do público que, definitivamente, prefere uma trama leve, que junte a família à frente da TV, como é o caso de Carrossel, do SBT/Alterosa.
Há, ainda, outros motivos. As pessoas exaltam a trama, adaptação feita por Íris Abravanel, que se despede em julho, pelos valores incutidos em seus muitos capítulos, tais como amizade, solidariedade, justiça, companheirismo, parceria, entre outros. Para muitos fãs da novela, valores que, de certa forma, caíram em desuso, tornaram-se atitudes obsoletas. E que, infelizmente, já não fazem parte da cartilha de muitas crianças e jovens por aí. Outra coisa: Carrossel valoriza a imagem do professor – que tão pouca importância tem neste país – com a protagonista Helena (Rosane Mulholland), porto seguro de muitos alunos.
Além disso, quem não curte uma novela sem grandes vilanias, romântica, que traduz o lirismo da ingenuidade infantil e que conta apenas uma boa história? Não por acaso, o SBT tem recebido inúmeros pedidos para que Carrossel ganhe uma continuação. São crianças, adolescentes, pais, educadores. E pessoas de todas as idades. Sem confirmação oficial, especula-se que a emissora de Sílvio Santos vá atender aos pedidos com a criação de uma série a ser exibida no horário nobre.
Atores como Jean Paulo Campos (Cirilo), Larissa Manoela (Maria Joaquina) e Maísa Silva (Valéria), entre outros, já teriam presença certa no time da nova atração, que avançará mais no tempo e terá abordagem infanto-juvenil, mantendo a escola como cenário principal. A expectativa é que substitua o remake de Chiquititas, que vai entrar no lugar de Carrossel.
Na TV não se dedicam como deviam às crianças. Há poucas opções e elas se reduzem ainda mais quando se fala em novelas. Mesmo aquelas que têm um núcleo com os pequenos não costumam tratar de temas ligados a eles. E se tentam, avançam pouco. Há, portanto, uma carência do gênero no mercado. O que faz com que se compreenda tamanho frisson em torno de Carrossel que, ainda por cima, revelou bons atores mirins.
E o mais importante: Carrossel provou, vinte e quatro anos depois da exibição de sua versão original, mexicana, que está bastante atual. E que boas histórias ganham público fiel.
Fonte: Jornal Estado de Minas
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