terça-feira, 28 de maio de 2013

Entrevista do De Frente com Gabi com Amado Batista repercurte na imprensa


Em entrevista ao programa "De Frente com Gabi", do SBT, que foi ao ar na madrugada de ontem, o cantor Amado Batista disse não se sentir vítima do Estado por ter sido torturado durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985). 

Batista, 62, contou à jornalista Marília Gabriela que, antes de se tornar músico profissional, quando tinha por volta de 18 anos, trabalhava numa livraria. Ali, facilitou o acesso de intelectuais a livros considerados subversivos. 

O artista, que morava em Goiânia, disse também ter aceitado enviar somas de dinheiro a um professor universitário do Maranhão que mais tarde descobriu estar envolvido em ações clandestinas de grupos esquerdistas. 

Segundo o cantor, quando os militares investigaram seus clientes na livraria, acabaram chegando até ele. Batista ficou preso por dois meses: "Me bateram muito. Me deram choques elétricos". 

"Um dia me soltaram, todo machucado. Fiquei tão atordoado. Queria largar tudo e virar andarilho." 

Questionado sobre se teria vontade de confrontar seus torturadores, o cantor foi enfático ao recusar a ideia. 

"Fiz coisas erradas, eles me corrigiram, assim como uma mãe que corrige um filho. Acho que eu estava errado por estar contra o governo e ter acobertado pessoas que queriam tomar o país à força. Fui torturado, mas mereci." 

Para o músico, a repressão foi um instrumento necessário naquele contexto, para evitar que "o Brasil virasse uma [espécie de] Cuba". 

O músico revelou ter sido procurado pela Comissão da Verdade, que investiga violações de direitos humanos praticados durante o regime militar, e que hoje recebe uma indenização do governo. "Tenho um salário de cerca de R$ 1.000, há algum tempo, mas acho desnecessário." 

Fonte: Folha de São Paulo

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