Em 2015 chega ao fim o prazo de transição da TV analógica para a digital. Como consequência da mudança, 35 dos 107 milhões de aparelhos existentes no Brasil ficarão obsoletos e serão descartados.
"Em apenas um ano, 35 milhões de aparelhos simplesmente deixarão de funcionar", diz Aguinaldo Silva, diretor do centro de pesquisa e desenvolvimento da Envision, empresa que produz em Manaus televisores da Philips e monitores da AOC.
Segundo a colunista Cristina Padiglione do jornal "O Estado de S.Paulo", apesar de terem sido fabricados recentemente, esses televisores estão condenados porque não pegam sinais digitais, somente analógicos.
O Ministério das Comunicações prevê realizar o desligamento dos canais de TV analógicos nas cidades com mais de 200 mil habitantes. Isto representa cerca de 70% da população nacional, 41,5 dos 60 milhões de domicílios do país.
Desse total, 13,8 milhões estão cadastrados em programas sociais do governo federal, portanto não teriam condições de investir em um televisor novo.
A pressa em fazer a transição da TV analógica para a digital é justificada principalmente pela necessidade da liberação de frequências usadas pelas redes de televisão (a faixa dos 700 MHz, que vai do canal 51 ao 69).
Essas faixas serão leiloadas para utilização em telefonia, especialmente para tecnologia 4G. O mercado de televisão defende a revisão dessa proposta. E muitos duvidam que o governo consiga cumprir essa meta.
Uma alternativa, seria fazer como os EUA. Em 2009, para conseguir cumprir o prazo de transição, o governo distribuiu receptores de TV digital para quem não podia comprar. Na ocasião o investimento foi de US$ 3 bilhões. Mas esta solução esbarra na capacidade da indústria brasileira, que poderia não dar conta da demanda por conversores.
Segundo Aguinaldo Silva, a produção brasileira de caixas conversoras teria de se multiplicar por três, em apenas dois anos, para garantir o apagão analógico sem traumas.
Diretor de Engenharia da TV Globo, Fernando Bittencourt concorda com Silva e também é contra a transição em 2015.
"Está muito claro que essa proposta de desligamento tem de ser revista. É fisicamente inviável. A quantidade de aparelhos de TV e de set-top boxes não dá conta da demanda",disse na última edição do congresso da SET (Sociedade de Engenharia de Televisão).
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