Fátima Freire Em "Amor e revolução", Fátima Freire vive uma mulher apreensiva, com medo de que a família se desmorone a qualquer momento por causa da ditadura. Mas a atriz não precisou de laboratório ou de ser apresentada a vítimas daquela época para fazer esse papel: ela usa o que testemunhou dentro da própria casa para compor sua personagem. Filha de um cientista socialista, a intérprete de Lúcia Paixão na novela do SBT viu por diversas vezes sua mãe temerosa em perder o marido a qualquer momento para os militares.— Meu pai (Newton Freire Maia, um dos precursores da genética humana no Brasil, morto em 2003) foi perseguido, prestou depoimento várias vezes no Dops (Departamento de Ordem e Política e Social). Ele ia e a gente nunca sabia se ele realmente iria voltar — lembra Fátima.
Ela se emociona ao falar sobre o assunto:
— Lúcia tem muito da minha mãe (a dona de casa Flávia Leite Naves, que morreu em 1971). Vivíamos a angústia de estar dentro de uma casa vigiada. Lembro de que, quando eu era pequena, minha mãe sentia medo sempre que a campainha tocava, como acontece na novela.
Curitibana, Fátima, de 56 anos, tinha 9 quando aconteceu o Golpe de 1964, dando início ao período militar que dá enredo a "Amor e revolução". Lúcia, que na trama é mãe da mocinha Maria (Graziela Schmitt), não chega a aderir à luta armada, mas acredita na democracia.
— Meu pai nunca foi preso nem torturado, mas muitos amigos da minha família que costumavam nos visitar foram mortos — conta.
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